Joaquim Duarte Murtinho Nobre foi um médico pioneiro no estudo e na aplicação da homeopatia no Brasil. Foi presidente do Instituto Hahnemanniano do Brasil, conseguiu introduzir a prática da homeopatia nos serviços médicos da Marinha e do Exército.
Joaquim Duarte Murtinho nasceu em Cuiabá, a sete de dezembro de 1848. Ali começou seus estudos, concluindo no Rio de Janeiro.
Fez o curso de ciências naturais na Escola Central, hoje Escola Nacional de Engenharia.
Formou-se em medicina e especializou-se em homeopatia. Foi também professor.
Estadista, ganhou fama por restaurar as finanças republicanas.
Joaquim Murtinho faleceu no Rio de Janeiro, a 19 de novembro de 1911. No dia seguinte, o presidente do Senado Federal, Quintino Bocaiúva, durante a sessão, assim o consagrou:
“Dele se pode dizer que foi um forte e um bom, que atravessava o oceano tempestuoso da vida espalhando benefícios, fazendo o bem e procurando com esforço e tenacidade a felicidade dos outros, procurava com o esforço de sua atividade as vantagens coletivas, das quais devia promanar o bem geral da coletividade da qual ele era, como indivíduo, uma esperança e um conforto.”
Em 1867 soube, a distância, da peste mortífera, a varíola, contraída dos invasores durante a heróica retomada de Corumbá (então dominada por facções de portugueses, vencidas pela coluna comandada por Antônio Maria Coelho). A febre purulenta aniquilou mais da metade da população corumbaense. A doença alastrou-se, atingindo Cuiabá, e entre os lares enlutados fora incluído o seu, com sua mãe colhida pela morte, após o contágio.
O DOM
A tristeza abalou-lhe a saúde, e refugiado em fazenda de um tio, estudou a terapêutica homeopática.
Matriculou-se na Faculdade de Medicina, e em 1870 completou o curso da Escola Central, com distinção também para Economia Política.
Bacharel em ciências físicas e naturais, fez também o magistério, e depois se doutorou a 15 de dezembro de 1873, ao defender tese de doutrinação homeopática.
Homem de cultura científica, ofereceu longos e proveitosos estudos sobre a agricultura brasileira. Além das ciências físicas e naturais e matemáticas, medicina, direito e engenharia, aprendeu e ensinou álgebra, geometria, cálculo diferencial e integral, física experimental e meteorologia, mecânica racional e aplicada, química inorgânica e noção de mineralogia, botânica e zoologia, além de desenho.
Como observou José Veríssimo, estudioso da época, sobre o ensino em nosso país, os altos estudos científicos desinteressados nunca tiveram lugar no Brasil. Estes são mais teóricos que práticos, e estreitamente profissionais, como são ainda hoje. Cursos de ensino geral e sem aplicação imediata, como os de ciências físicas e naturais ou matemáticas, nunca de fato tiveram freqüência e foram em pouco tempo eliminados.
Joaquim Murtinho publicou em 1877, o relatório dos exercícios práticos, anexo ao relatório do ministro do Império, notabilizando o seu método de ensino. Assim foi imortalizado professor, demonstrando não só o amor às pesquisas, como o empenho em consolidar as aquisições científicas dos alunos, por meio de observações diretas dos fenômenos naturais.
PERSONAGEM SINGULAR
Murtinho pregava o liberalismo irrestrito, como quanto a religião e economia. Por exemplo, defendia sempre a garantia de juros aos concessionários de vias férreas.
Foi também um abolicionista, e criou e apresentou um programa amplo de reformas sociais que imprimissem feições novas à coletividade brasileira.
Solteirão, ganhou a reputação de frieza de sentimentos e orgulho. Mas, se em público protegia-se com a máscara da insensibilidade, em oculto trazia grande sensibilidade à dor humana, haja vista as expansões de amizade para com os mais próximos e os benefícios que distribuía. O amor aos animais marcou fortemente sua biografia.
Foi um adepto do evolucionismo de Darwin e da sociologia de Spencer, se bem que demonstrava, não raro, inclinação e respeito às coisas de religião.
Simultaneamente com o magistério, dedicou-se à arte de curar, sendo médico homeopata de renome. Elaborou a tese “Do estado patológico em geral: acústica, acupressura, respiração”. Por volta de 1904 foi presidente do Instituto Hahnemaniano (relativo a Christian Friedrich Samuel Hahnemann, 1755-1843, médico alemão, o criador da homeopatia).
Radicado no Rio de Janeiro, exerceu extraordinária influência no desenvolvimento da homeopatia no Brasil. Conhecia com profundidade todas as ciências tributárias da arte médica, principalmente a fisiologia normal e patológica.
Atendia tanto a fina flor da sociedade quanto os anônimos minguados de recursos, com igual dedicação. Sua fama expandiu-se pelo país inteiro, e transpôs as fronteiras, pois atendia consultas mediante cartas e telegramas.
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